Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que 15% dos casais que estão tentando engravidar no mundo apresentam dificuldades em conceber

Ingerir bebidas alcoólicas, fumar, não praticar atividades físicas ou praticá-las com muita intensidade, dormir pouco, tomar muito café e ter uma dieta desequilibrada são hábitos com impacto importante na fertilidade de homens e mulheres em idade reprodutiva e que podem determinar, inclusive, se alguém poderá ou não ter filhos biológicos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera infértil um casal que mantém relações sexuais sem métodos contraceptivos durante 12 meses sem engravidar. Segundo Marina Barbosa, ginecologista associada da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), esse dado deve chamar a atenção.

“A infertilidade, que pode ocorrer devido a fatores hormonais ou anatômicos, não é tão incomum e atinge, em média 1 em cada 6 casais. Por isso, homens e mulheres devem controlar o peso, manter uma dieta saudável e praticar atividade física moderada, além de dormir bem e evitar o excesso de álcool”, enfatiza a especialista.

De acordo com a OMS, a infertilidade afeta de 50 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo e, somente no Brasil, esse número chega a cerca de 8 milhões. Em boa parte dos casos, o estado nutricional inadequado e a manutenção de hábitos não saudáveis têm grande influência na redução da capacidade reprodutiva de homens e mulheres.

HÁBITOS – No caso das mulheres, o sobrepeso ou a desnutrição podem afetar diretamente sua função reprodutora. Isso acontece devido ao desequilíbrio hormonal provocado por estes comportamentos, que acaba determinando uma disfunção nos ovários. Nos homens, a obesidade pode diminuir tanto a quantidade quanto a qualidade dos espermatozoides, interferindo também com os níveis de testosterona.

Além de hábitos alimentares saudáveis, o sono pode ser responsável pela infertilidade de um casal. Apesar de não diminuírem os níveis de testosterona, distúrbios do sono estão associados à diminuição na quantidade de espermatozoides. Na fertilidade feminina, a alteração do sono pode ativar hormônios das glândulas suprarrenais e gerar mudança da produção de hormônios reprodutivos. Além disso, dormir pouco pode levar o sistema imunológico a se voltar contra tecidos e órgãos saudáveis, causando uma inflamação, que acaba afetando a fertilidade.

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é outro fator que pode influenciar na função reprodutiva de um casal. “Embora não exista nenhum estudo conclusivo sobre o assunto, a recomendação para as mulheres é que o consumo de álcool seja cortado durante o período pré-concepcional, devido às consequências que podem produzir danos ao embrião”, explica Marina Barbosa.

A relação da ingestão excessiva de álcool e infertilidade dos homens também é inconclusiva, mas é possível perceber efeitos nocivos desse consumo no espermograma. Embora a evidência científica seja limitada quanto à fertilidade, o consumo alcoólico em alta dose – mais de duas doses de 20 ml de aguardente, por exemplo, por dia – pode acarretar efeitos adversos na fertilidade para ambos os gêneros.

Outro fator importante é o tabagismo, já que mulheres tabagistas tem o dobro de risco de apresentarem infertilidade. O cigarro pode diminuir a quantidade de óvulos, podendo também causar alterações genéticas nessas células. Além disso, gestantes tabagistas têm maior risco de gravidez nas trompas e de aborto.

ATIVIDADE FÍSICA – A prática de atividade física moderada é uma grande aliada para combater problemas de infertilidade. Isso acontece porque ela pode evitar o sobrepeso e auxiliar numa rotina de vida mais saudável, entretanto, os exercícios físicos não podem ser extenuantes. “Homens que se exercitam de forma moderada, em torno de 3 dias por semana, com duração de até 1 hora, apresentam melhores parâmetros espermáticos do que homens que praticam atividade física extenuante ou atletas”, explica a especialista da SBRA.

A regra das atividades físicas moderadas também serve para o público feminino. Mulheres que praticam atividade física extenuante, em torno de 5 horas por semana, também podem exibir alterações no sistema reprodutor. Isso acontece devido à maior demanda energética, que acaba alterando a função hipotalâmica, com consequente distúrbio menstrual.

Embora a relação do estresse com a infertilidade nos homens não seja comprovada cientificamente, percebe-se que ele pode diminuir a concentração espermática, a capacidade de se moverem e a morfologia dos espermatozoides. Em relação às mulheres, o estresse excessivo pode acabar alterando a função do hipotálamo, que culmina em alterações menstruais e ovulatórias. Nesse contexto, práticas que diminuem o estresse, como atividade física ou terapias psicológicas, poderiam melhorar as taxas de gestação.

 

Por Larissa Sampaio
Conversa Coletivo de Comunicação Criativa

 

Fonte: SBRA

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